Reparo, manutenção e recondicionamento de fontes (X)TX (ATX, SFX, ITX, etc.)

De forma avassaladora, fontes chaveadas são cada vez mais utilizadas para todo e qualquer tipo de aplicação, tanto pelo seu custo baixo de produção e montagem quanto pelo poder de corrente e tensão possíveis num espaço físico muito reduzido. Mas qual a real vantagem nisso?

Faz pouco mais de doze carnavais que trabalho com TI e de lá para cá tanta coisa mudou que nem sei por onde começar a contar sobre minha experiência com a área. Paralelamente ao meu caso singular com a informática, muito antes de ser iniciado, já 'mexia' com eletrônica. Perfeito casamento entre teoria, prática, produção e comportamento dos dois ambientes intimamente conectados

Desde cedo ficava pasmo com o descarte desenfreado das tecnologias ditas obsoletas - e olha que obsoleto em informática pode ser um processador com dois anos de vida que possui poder mais que suficiente para 90% dos usuários, mas que são sumariamente descartados porque um site especializado disse que o lançamento da poderosa possui menos consumo e poder de processamento até 10x maior. Oras, convenhamos, pessoal: o usuário comum que ouve música ruim enquanto preenche planilhas em seu Excel pirata do seu pacote Office pirata que foi instalado pelo carinha da esquina com o Windows pirata vai mesmo sentir diferença nessas 10x mais velocidade? O usuário não consome 50% do poder de um Core 2 Duo e ainda se acha no direito de exigir um Core i5?! Ironias e presepadas à parte, vamos ao que interessa. 

O que move toda essa presepada coisa de tecnologia e que ninguém dá a mínima? Energia. E energia elétrica. Já vi tanto idiota usuário gastando mais de R$ 2.000 em kit gamer do tipo processador/memória/placa mãe/placa de vídeo + gabinete bonitinho e se esquecer de comprar uma fonte de alimentação decente. Sim, meus caros. O fulaninho se esqueceu de que nada vai adiantar uma mega configuração se o fornecimento de energia não estiver à altura. Porque o que interesse pro mané é o LED dentro do case, o water cooler - que ele nem sabe pronunciar, a placa NVIDIA picas que o amigo playboy pagou três casas decimais... Daí o mesmo mané começa a jogar e não entende o porquê de o jogo dar lag, de o Windows travar com mensagem de erro de driver de vídeo que parou de forma inesperada... E culpa - de forma justa, até - o técnico de confiança que vendeu tudo certo e se esqueceu da fonte correta para sustentar o gamer mané. Mas, tirando as presepadas de lado, vou registrar hoje - pela primeira vez em anos - uma simples reparação e recondicionamento de duas fontes padrão ATX formato SFX, muito comum em gabinetes ITX domésticos e de automação comercial. 

Essas fontes costumam ser superiores àquelas ATX péssimas que custam R$ 60 pro consumidor e R$ 20 de custo pra revenda. E também costumam possuir um projeto bastante inteligente dentro daquelas caixinhas pequenas e simpáticas. Eu, chato que sou, bato palmas para os projetistas dessas pequenas notáveis, já que pensaram em quase tudo o que deveriam ter pensado no projeto, o que torna as produções quase perfeitas. Das fontes mais comuns que já vi com um bom projeto estão ELGIN, K-MEX, Dr. Hank, LiteOn e algumas M-TEK. Com isso quero dizer que fonte boa para mim não precisa ser pretinha, bonitinha, com LED no cooler e logo de marquinha cara. O que vale para mim é projeto.

Quando vale a pena reparar ou recondicionar?

Fonte 1
Vale a pena quando, de cara, já se tem ideia do problema. Um fusível que abriu, uma ponte de diodos ou diodos individuais da retificadora em curto, capacitores estufados, cooler problemático, ressoldagem, troca do NTC; basicamente. Tiro pela minha própria prática e experiência: só vale a pena quando for roubar menos de duas horas de bancada. Aí vale a pena. Porque uma boa fonte desse padrão custa entre R$ 140 e R$ 250 e para dar sobrevida a uma dessas com alguma pouca atenção na bancada, claro que vale muito a pena. 

Fonte 2
 As fontes que reparei e recondicionei há poucas horas e que ilustram a temática da postagem traziam sintomas muito particulares desse formato. Uma delas - a mais novinha - estava com as tensões +12V e +5V se alterando, sem estabilização. Quando ligada, em poucos minutos as tensões subiam até 13.2V e 5.8V, o que fazia com que fonte se desarmasse todo o tempo. A outra - a mais detonada - estava com pontos de solda danificados por algum curioso que tentou desmontar para limpar e fez besteira. Não ligava e estava na chuva há semanas. Não possuo detalhes sobre a fonte mais nova, mas aparenta ser dos modelos que equipam os ITX mais caros. A detonada é uma K-MEX PN200 de 125W que, por ironia, mostra as tensões fechadas (12.0V e 5.0V) ao contrário da outra, que está bem nova e possui 0.2V a mais em cada saída. Não que seja problema, pelo contrário. É só meu TOC tecnológico falando alto.

Para resumir

Quando as tensões se encontram instáveis ou a fonte liga e logo se desarma, procure logo por um eletrolítico na faixa dos 22MF aos 100MF próximo ao CI de referência, e em alguns casos, próximo aos trafos. Ele é o campeão de dar problema em todas as fontes ATX. Esse cara se sacrifica muitas vezes e salva a fonte, em muitos casos. Troque ele e testes as tensões, mas só de a fonte acionar, já é muito bom sinal. Geralmente basta trocar esse cara e inspecionar todos os demais componentes e contatos para correr pro abraço. Se encontrar mais algum capacitor estufado ou com vazamento, troque sem pensar.

Quando se tratar de fusível aberto, você pode avaliar o que pode ter acontecido pelo estado do fusível. Se ele apenas abriu e se encontra intacto, provavelmente foi alguma sobretensão ou sobrecorrente. Em todo caso, macaco velho troca o fusível e tenta ligar a fonte utilizando a famosa lâmpada em série - pesquise no Google sobre a lâmpada em série e seja feliz na bancada. Mas se o fusível estiver carbonizado, quebrado ou dessoldado, a coisa muda. Teste diodos, capacitores e os transistores. Em muitos casos, um ou mais diodos da ponte - ou a própria ponte - está em curto. E em outros casos, os transistores - ou CI - da osciladora estão em curto. Teste tudo antes de ligar a fonte e quando for ligar, lâmpada em série. Esse roteiro serve como referência ao analisar qualquer tipo de fonte chaveada.

Capacitores estufados ou com vazamento são sinal de aquecimento por cooler travado/lento, interior - do capacitor - seco ou ineficiente dissipação do calor interno - da fonte. Isso significa que o calor tomou conta e ninguém se deu conta de mandar a máquina para manutenção preventiva. Troque todo e qualquer capacitor estufado ou com vazamento, sem exceção. As fontes costumam não 'arrancar' ou se desarmar com frequência enquanto a máquina é utilizada - o que leva 99% dos usuários a pedir ajuda aos técnicos formatadeiros da região. Porque criaram a lei universal para resolver qualquer tipo de problema: a formatação. Pior que isso, ainda deram o nome errado para a coisa: porque formatar é dar formato; reinstalar Sistema Operacional é outra coisa. Mas isso é tema para outro dia. 

Trocados todos os capacitores danificados, teste a fonte. Deve funcionar redondinha de novo. Verifique as tensões, ok? E quanto ao cooler, se estiver girando meio forçado mesmo depois de limpo e lubrificado, troque. Obviamente que as fontes mais bem produzidas possuem coolers um pouco melhores do que os que vemos por aí, mas nada é eterno e você deve ficar atento a isso. Aquecimento é inimigo. A troca do NTC é rara mas pode ocorrer. Verifique basicamente o aspecto físico dele. Certamente você saberá quando ele deve ser substituído. E quanto às ressoldas, muitos casos se resolvem apenas com essa simples ação. Um transistor com solda deficiente pode passar desapercebido pelo técnico e condenar uma fonte cara.

Obviamente que a postagem não se aplica àquelas fontes poderosas, com seus 400W, 500W e até com mais de 1000W. Porque essas sempre vão valer a pena o reparo mesmo que demore pouco mais de duas horas de bancada e meia dúzia de componentes. E também não se aplica à área de TI, porque não existe esse tipo de trabalho em ambiente corporativo e uma fonte danificada é simplesmente substituída por uma nova fonte para que os trabalhos sejam restabelecidos.

Portanto, para finalizar o assunto mesmo sem agradar a gregos e troianos, fonte barata é dor de cabeça que nunca vai valer a pena utilizar, e menos ainda o seu futuro e certo reparo; fonte que se preste custa mais de R$ 150 e não adianta investir no motor se vai usar gasolina adulterada; reparo e recondicionamento permitem restabelecer o funcionamento da fonte por completo, como nova, e não alteram quaisquer das características funcionais desde que a execução seja limpa; por último e não por isso menos importante: se você não tem experiência com fontes chaveadas ou não possui conhecimentos avançados em eletrônica, não se aventure: o erro pode custar muito mais do que transistores e capacitores explodindo na sua cara.

Boas reparações e menos lixo.


Fonte 1 - a mais detonada, com troca do seletor AC, chave
e tomada AC porque estavam oxidados pela chuva

Fonte 1 - cooler limpo e lubrificado funcionando 100%

Fonte 1 - no estado em que foi para bancada

Fonte 1 - após limpeza e retrabalho

Fonte 2 - cooler limpo e lubrificado

Fonte 2 - após limpeza e reparo

Fonte 2 - detalhe do eletrolítico 47MF próximo aos trafos

Fonte 2 - após limpeza e reparo

E sim, utilizo toalhas de mesa doadas para forrar minha mesa/bancada e proteger contra arranhões, soldas, etc. Tenho duas, uma para cada situação.


Opinião compartilhada

Incomum e também novidade por aqui: de um dos sites que acompanho e que recomendo a leitura. Li essa postagem hoje e achei muito interessante e fluida a leitura.

50 coisas sobre eletrônica (e eletricidade) - http://www.pakequis.com.br/2016/02/50-coisas-sobre-eletronica-e.html

Projeto Labrador - H2PV1 Home2Pro Limiter & Clear

Um projeto simples que utiliza componentes simples para criar um ambiente sonoro limpo e com volume constante para quaisquer aplicações em áudio de alta fidelidade

Sempre quis montar um limiter & clear. Para quem não sabe, o clear seria um atenuador de interferências e ruídos, realçador de frequências chaves e pré-amplificador no início do percurso para que o sinal chegue ao clear com equalização flat e nível adequado ao circuito clear. Pois bem. Depois que troquei a placa mãe da Jukebox, o libmad/libavcodec nunca mais funcionou como deveria. Fiz de tudo: atualizei o pacote, atualizei os drivers Realtek e até tentei instalar outra versão do Windows. Nada houve. Obviamente que estamos falando de uma placa mãe mais antiga, não dá pra esperar demais mesmo. Na configuração anterior da Jukebox, a placa mãe era ASUS com áudio também Realtek, mas como se tratava de um modelo bastante recente, tudo funcionava como eu esperava. Mas encurtando a novela, nunca mais consegui ouvir música sem precisar ajustar o volume manualmente, hora porque ficava baixo, hora porque ficava alto demais. Como já fazia um bom tempo que não me metia num projeto, aceitei o desafio e me baseei nas premissas diyPowered de sempre: gastar pouco ou nada, utilizar esquema enxuto e funcional, componentes acessíveis e robustos, configuração simples e perfeita. Iniciei o esquema elétrico tomando por base o super M1 - que possui um pré exclusivo de excelente qualidade - mas alterando alguns parâmetros para que fosse se adequando ao projeto. Perdi - ou ganhei? - algumas horas ajustando e afinando esse circuito, mas valeu muito a pena quando finalmente cheguei ao resultado que eu queria. Quanto ao ajuste automático, optei por montar uma cápsula limiter com um LED 3mm vermelho de alto brilho apontado para um LDR precisamente selecionado a uma distância cravada de 3mm num ambiente interno totalmente isolado e escuro. A configuração foi crucial e perfeitamente encontrada após horas de testes massacrantes. Parece simples - e é - mas no controle dessa interface é que mora o segredo do projeto. Porque se você acha que basta o LED piscar para cair a resistência no LDR, você está enganado. O controle - depois de ser calibrado internamente, claro - analisa a resistência atual do LDR, cruza essa informação com o sinal de entrada e envia para o LED a informação precisa de 'quanta luz' deve emitir e quanto tempo deve se manter iluminado para cada pico de sinal. Seguindo o mesmo princípio, o controle envia para o LED a informação para se apagar rapidamente quando a resistência lida no LDR é proporcionalmente inferior ao necessário para manter a saída constante, o que faria com que o sinal 'caísse' tornando o sinal de entrada menor do que o pico atual. Mais uma vez o circuito de controle atua de forma precisa e rápida sem perder as características originais do sinal. Claro que toda essa função é processada num período de tempo extremamente curto para que consiga acompanhar cada linha de sinal que chega ao circuito. Enquanto você lia essa informação, o circuito já operou a função milhares de vezes. No painel frontal é possível acompanhar a atuação do controle de forma isolada para cada canal por meio de dois LEDs verdes e também existe um controle manual de atuação, para que seja feito um ajuste personalizado de acordo com a fonte de sinal utilizada. Cada pico do áudio original é 'absorvido' pelo controle e tratado, o que faz com que os LEDs do painel se iluminem rapidamente quase que na mesma rapidez com que o controle atua.

Ainda falando da cápsula limiter, os LEDs escolhidos e seus LDRs foram testados e conferidos um a um para que os canais fossem montados de forma idêntica. Dessa forma, o controle possuiria ajustes mínimos para que as cápsulas atuassem na mesma velocidade em ambos os canais. Todo esse cuidado se deve pelo simples fato de que essas cápsulas foram produzidas exclusivamente para este projeto, não se tratando de um componente comercial que se encontra em qualquer loja e que possui a mesma característica em lote. Tudo foi testado nesses LEDs e LDRs antes da montagem e teste para que fosse possível 'tirar' deles tudo o que eles podem oferecer dentro de limites razoáveis de segurança. O LED, por exemplo, trabalha numa condição em que sua sensibilidade de emissão está próxima a 100%. Isso permite que o LED seja capaz de se iluminar tão rapidamente quanto se apagar. Obviamente que isso pode reduzir a vida útil do componente - e que também essa questão foi prevista e bem resolvida: mesmo nos picos extremos, a corrente no LED é controlada para que não danifique nem encurte a vida útil do conjunto, já que se trata de uma cápsula onde não é possível trocar somente o LED ou o LDR. Somente todo o conjunto. E claro que se esse dia chegar, o correto é trocar as duas cápsulas, de ambos os canais, para manter a integridade do sinal em relação ao controle. Trocar apenas uma cápsula e manter a outra já usada é como trocar apenas uma das lanternas de um carro, mantendo uma antiga. Entende?!

Para início de conversa, o esquema jamais poderia alterar o sinal. Isso mesmo. O sinal que entra deve sair da mesma maneira, com as mesmas características, e melhorado em relação ao nível e pureza. Ok: tecnicamente o sinal é alterado de certa forma, mas quando falo que o sinal original jamais poderia ser alterado, me refiro a inserir equalização/loudness, alterar frequências amplas, adição de ruído no processamento do sinal original, etc. Isso é básico, nem precisava comentar aqui. Porque o H2PV1 foi desenvolvido apenas e tão somente para servir como limitador, atuando como um nivelador automático de sinal que permite que a saída de áudio se mantenha mesmo que a entrada esteja em condições desfavoráveis - sinal alto demais ou baixo demais - e por se tratar de um acessório para este fim, não deve alterar a fonte de sinal e suas características originais. O máximo permitido é o clear, que não vai alterar as características originais e servirá como um forte aliado para que o sinal se mantenha estável e limpo até chegar aos seus ouvidos. Aqui, ele está atuando antes do home theater, recebendo sinal do M1, que faz o switch entre as fontes de áudio da TV e Jukebox.

Obviamente que o projeto - como todos os outros do site - é um protótipo e que não possui qualquer preocupação com a estética e mídia de consumo. Fiz por mim, para mim, utilizando tudo o que tenho em casa. Não gastei um centavo aqui. O transformador 12V x 250mA veio da placa de um nobreak que tenho faz tempo - tenho mais dois desses reservados - e todas as peças são de estoque particular; a carcaça utilizada é de um leitor/gravador de DVD ASUS que sacrifiquei há poucos dias, o painel frontal é um espelho (tampa de baia) de gabinete desktop que sobrou no trabalho - novinho, black piano - e os LEDs utilizados são todos de sucatas. O potenciômetro vintage era de um receiver Sonata. Custo zero, benefício garantido. Se algum dia eu tiver muito tempo e muito dinheiro para me dedicar aos projetos, com certeza o Home2Pro será um dos projetos que serão levados para linha de montagem com todas as regalias possíveis. Das internas ao gabinete.

Atenuando os sinais mais fortes e ajustando os mais fracos, o H2PV1 mantém constante a saída de áudio tornando a audição de mídias diversas muito agradável. Ouvir música na Jukebox ficou mais legal ainda, já que conto agora com um circuito dedicado e não mais um software compartilhado que não me entrega o mesmo resultado. Também aprecio um áudio mais limpo e vivo do que nunca, graças ao clear. Posso dizer que montei o meu limiter & clear e que deu tudo muito certo. Muito certo mesmo. O desempenho do humilde equipamento é de surtar quem pagou caro num limiter por aí. Inclusive, com certas alterações no esquema, seria possível montar um pedal limiter para guitarra sem muito esforço. O projeto original é muito flexível, barato e simples de ser implantado para outras aplicações.

Sem mais delongas, vamos aos registros.


Painel frontal (atuando)

Lado a lado com o M1 (em repouso)

Ao ser acionado (LEDs indicadores piscam se OK)


Porque ninguém é adivinha

Detalhe do painel







Log do projeto

01/01/2016 - Esquema elétrico definido e montagem em bancada iniciada
02/01/2016 - Circuito em teste e afinação para checagem da eficiência
02/01/2016 - Testes efetuados em bancada com afinação do circuito, avaliação de eficiência e dinâmica apurada; circuito passou em todos os testes com muito sucesso, áudio limpo e baixíssimo ruído com total controle do nível de sinal na saída; compressor e clear funcionando perfeitamente e já iniciada a montagem do gabinete
04/02/2016 - Pequeno incidente envolvendo o potenciômetro de ajuste da supressão me fez parar o projeto até que consiga outro para substituir. O gabinete está quase pronto, faltando apenas alguns detalhes e a substituição do potenciômetro para prosseguir para testes finais
06/02/2016 - Aproveitando a parada súbita, vou rever o painel frontal do Pro2Home e criar um padrão visual que iniciei no M1. Há erros que são acertos =]
03/04/2016 - Projeto finalizado!

** 26/11/2016

Há alguns meses, o H2PV1 vinha apresentando um forte ruído. Retirei de produção e acabei esquecendo de olhar o problema. Acabei tendo que substituir o potenciômetro de ajuste - e consequentemente o knob, porque o original não encaixava. Aproveitei para dar uma revisada na fonte e fiz melhorias na filtragem e regulagem da tensão de alimentação do conjunto. Tudo colocaod no lugar, e o bicho voltou a funcionar redondamente!


De cima para baixo: HS-1875Mi, H2PV1 e ViAS

Detalhe do LED power 

Planejamento e execução de projetos DIY

Pensei que seria interessante contar meus critérios para desenvolvimento de um projeto DIY para aqueles que não conhecem o processo ou que pretendam iniciar no DIY. Talvez fique somente nessa postagem, talvez eu faça mais de um capítulo sobre o tema. A ideia é que essas informações cheguem àqueles iniciantes que não sabem por onde começar e também aos mais experientes, para que possam aprimorar seus processos. 

O projeto no papel é fundamental

Fonte: Internet
Não adianta levar tudo pra bancada e montar. Isso até pode funcionar quando você está com aquela ideia na cabeça e precisa testá-la rapidamente. Mas um projeto requer roteiros bem definidos a serem seguidos para que as variáveis de erro sejam minimizadas ao máximo. Comece pelo básico do básico e coloque no papel tudo aquilo o que você pretende implantar no seu projeto. Se você vai montar um amplificador de potência, anote todas as funcionalidades e itens que você deseja adicionar - peak level, proteção DC, delay output, conexões, etc. - e não se esqueça de nenhum acessório ou componente. Isso evita retrabalhos dolorosos mais tarde, como quando você não prevê o aquecimento da ponte de diodos e tem que abrir espaço para que ela seja afixada num dissipador, por exemplo. É crítico demais para ser corrigido mais tarde, depois de montar a placa e já estar quase finalizando o projeto. Você vai perder tempo repensando o projeto, você vai gastar dinheiro (e mais tempo) se tiver que refazer a placa. E pior ainda se precisar alterar o layout do gabinete. Por isso você deve colocar no papel todos os passos para seguir na bancada. Melhor 'perder tempo' colocando todo o projeto no papel do que depois amargar um projeto mal sucedido. 

Teste todas as etapas

Fonte: Internet
Cada etapa finalizada requer testes. Se você criou o esquema elétrico, por mais perfeito que pareça, mesmo tendo sido simulado no computador com sucesso, ele precisa ser montado fisicamente. Somente assim você saberá onde está aquecendo, se precisa alterar resistores, onde está ocorrendo corrente demais e se os componentes escolhidos estão de acordo com a sua aplicação. 

Ainda tomando um amplificador de potência como exemplo, cada transistor escolhido poderá lhe dar um timbre diferenciado, ou até mais ou menos potência final. Os capacitores eletrolíticos são vaidosos e se você não souber como aplicá-los, seu projeto já vai começar mal. Por isso teste seu esquema em bancada, afine o circuito e seja caprichoso com seu trabalho. 

Selecione os componentes e calcule sua margem de erro

Fonte: Internet
Este é um ponto crítico. Muita gente compra componentes em qualquer loja, de qualquer jeito, sem qualquer procedência. E fica pior ainda quando se trata de integrados e transistores de alto desempenho. Se você aplica uma tensão de 65Vcc - tensão comumente encontrada em amplificadores de potência e fontes simétricas avançadas - num transistor falsificado por algum tempo - equipamento em uso - ele não terá a mesma durabilidade e qualidade sonora de um original. E você também encontrará sérios problemas com aquecimento. Isso sem falar que os falsificados possuem um péssimo acabamento e uma resistência física pobre. Tenha cuidado ao comprar seus componentes e não acredite em valores baixos demais.

Calcular a sua margem de erro durante testes evita que você precise sair de casa novamente para comprar novos componentes - gastando um tempo precioso que deveria ser aplicado ao projeto. E se lembre de que todos os componentes que você utilizou durante os testes não serão utilizados no seu projeto. Isso mesmo. Protótipo é protótipo e, por mil razões diferentes, você utilizará componentes novos quando for montar seu projeto original. Por isso compre mais componentes para testes do que você compraria para o projeto final.

Seja cuidadoso com o layout da placa

Fonte: Arquivo DIY
Muitos erros acontecem porque a placa foi mal desenhada. Interferências, clock, ruídos e até um circuito que se recusa a funcionar. Por isso evite cruzar trilhas de energia com trilhas de sinal, mantenha o transformador de força afastado dos circuitos sensíveis, utilize seções vazias da placa para formar cercas GND e crie barreiras físicas, se for o caso. Calcule cada espaço antes de desenhar seu layout para evitar retrabalhos e gastos excessivos com o projeto. 

Se você for utilizar a montagem ponto a ponto - técnica de soldar os componentes entre si sem a utilização de uma placa - os cuidados deverão ser redobrados para evitar o contato de componentes que possam danificar o circuito. Montagens ponto a ponto - P2P - são práticas e eficazes mas requerem muita organização e cuidado por parte do montador. E não é a melhor forma de se montar um projeto mais complexo, não tenha dúvidas.

Crie um design limpo

Fonte: Internet
Quando for pensar no painel do seu gabinete, faça algo limpo e simples. LEDs em excesso com cores berrantes e alto brilho não são legais, coolers não são necessários para tudo e menos ainda bonitos. E por falar em coolers, prefira não utilizá-los por conta do seu ruído, da sujeira que ele acumula e pela manutenção futura que você será obrigado a fazer. Cooler não é legal, não é bonito e somente se utiliza em projetos onde realmente existe a necessidade da troca de calor auxiliar. Pequenos amplificadores de potência, fontes de média potência e coisas do tipo não necessitam de cooler. E se mesmo assim você julgar necessário - ou apenas quiser, seja lá por qual razão - utilizar um cooler, seja sensato ao escolher um modelo discreto, com fluxo de ar compatível com a aplicação e sem LEDs. E queira instalá-lo em uma região onde não será visto. E quanto aos LEDs do painel frontal, também tenha bom senso ao selecionar o tamanho, o formato e as cores. Menos é mais.

E por fim, dedique tempo ao seu projeto

Se você não dedicar tempo ao seu projeto, certamente uma de duas coisas acontecerão: a primeira - e mais comum - é que seu projeto não vai sair da bancada; a segunda, o projeto não funcionará como você esperava. Tempo é a ferramenta que você mais precisa. Estude seu projeto, se comprometa a iniciá-lo e a terminá-lo definindo seus prazos, conheça novas maneiras de fazer uma mesma coisa e faça tudo conforme você achar melhor, seguindo o bom senso de pesquisar e ser cuidadoso com as etapas. Somente assim os resultados serão positivos. Erros poderão ocorrer, claro. Por isso devemos trabalhar com margens de erro devidamente calculadas, componentes de qualidade e ferramentas adequadas para cada operação. 


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