Pré-amplificador com TL 082 e VU meter analógico (line and phono preamplifier)

Não posso dizer que já montei muitos pré-amplificadores até hoje, mas montei alguns muito bons. Os últimos, praticamente todos, foram baseados em componentes discretos e com esquemas enxutos, de fácil montagem. Anos depois do último pré montado, uma necessidade me fez iniciar um novo projeto para que as audições no Sony FH-G33AV - que precisa de alguns milivolts a mais para excitar a entrada auxiliar 'Video' de forma satisfatória - fossem mais satisfatórias.

A maioria dos projetos hi-fi costuma empregar NE 5532, OPA 134 e outros CIs clássicos que entregam grande qualidade, mas que nem sempre são fáceis de serem encontrados. Como a minha necessidade não é tão audiófila assim, assumi que o bom e velho TL 082 seria o bastante - já havia aplicado em alguns projetos e visto em alguns circuitos comerciais muito bons. O TL 082 um circuito integrado com duplo J-FET casado na entrada, possui respostas rápidas e boa faixa de operação, fornecendo uma qualidade de áudio muito interessante para aplicações desse tipo. De toda forma, outros amplificadores operacionais como o TL 072 podem ser empregados ao projeto sem qualquer prejuízo, vai depender somente da sua necessidade e gosto pessoal.

O pré-amplificador


A ideia inicial era montar um pré-amplificador compacto, de ótima qualidade de resposta flat para a linha, com controle de carga/ganho, bem simples, num gabinete pequeno e isolado. Mais adiante e com o projeto já em andamento, decidi adicionar mais dois recursos: uma entrada auxiliar phono - para conectar toca discos que não possuam esse estágio - e um VU meter analógico, para monitorar o ganho aplicado ao TL 082 a partir dos controles de nível independentes, que atuam na entrada e não na saída.

Nos testes preliminares, fiz vários ajustes no TL 082 para conseguir um ganho padronizado para a entrada LINE que fosse o mais casado possível com a entrada auxiliar 'Video', do Sony FH-G33AV, permitindo um ajuste mais preciso quando a entrada 'Phono' fosse selecionada, evitando distorções por conta dos ajustes previamente definidos nos potenciômetros de carga de sinal. Assim, não seria necessário ficar ajustando a carga toda vez que os canais fossem alternados, a menos que fosse utilizada uma fonte de sinal mais alta ou mais baixa em um dos canais.

VU meter analógico


Particularmente, eu adoro os VUs analógicos, apesar da pouca precisão, ficam muito bonitos nos projetos retrô. Utilizei um modelo retirado de um antigo localizador de satélites,  desenvolvi um driver simples, parecido com o circuito utilizado nos VUs do projeto ViAS - parecido porque eu não encontrei até hoje o registro técnico desse projeto. Para obter uma iluminação indireta, adicionei dois LEDs brancos em série e com brilho bastante reduzido nas laterais inferiores do VU, além de um ajuste fino na entrada do driver pra calibração inicial.

Gostei bastante da resposta do driver, atendendo ao que eu esperava. O circuito é bastante simplificado, mas pode ser explorado para operar em faixas mais amplas ou para entregar respostas mais precisas - dentro das possibilidades de um VU analógico!

Pré-amplificador para toca discos (phono)


O pré-amplificador phono possui estágio transistorizado operando em classe A e não incorpora a curva RIAA - optei por manter uma resposta mais flat possível para que os ajustes sejam realizados após o pré, mantendo maior fidelidade no sinal e permitindo ajustes mais personalizados. Dessa forma, a aplicação servirá para diversos modelos de toca discos sem a necessidade de grandes ajustes posteriores ou chaves de bypass no pré-amplificador, simplificando o projeto.

A fonte de alimentação


Seguindo as premissas diyPowered de qualidade e robustez, a fonte do pré-amplificador é superdimensionada com aquela clássica configuração: transformador trabalhando com folga, retificação bem feita, uma generosa filtragem e aquela regulação padrão em + 12V e - 12V nas linhas principais. Gosto da simplicidade eficiente nos projetos, mantendo um esquema enxuto e de fácil manutenção. Deixo a reinvenção da roda para os novatos que ainda têm tempo a perder = ]

A fonte foi dividida em duas partes, sendo que o transformador ficou fora do gabinete - não restou muito espaço físico interno pra ele que fosse de fácil isolação física dos demais circuitos, isso sem falar nas chaves AC e ground/lift, porta-fusível etc. - para eliminar a possibilidade de ruídos. Já a segunda parte da fonte, foi montada dentro do gabinete - retificação, filtragem, regulação da tensão e distribuição aos circuitos.

O acabamento nunca foi meu forte e nesse projeto, isso ficou ainda mais evidente. De toda forma, tem fotos e tem até um vídeo curto mostrando o VU em atividade. O LED azul é indicador de funcionamento, apenas. Deveria ser verde, mas todos os meus LEDs verdes são comuns e o brilho não ficou bom.

Baixe aqui o arquivo PDF com o esquema elétrico completo do pré-amplificador e se tiver alguma dúvida, comenta aqui na postagem que respondo bem rapidinho : )








Reparos no Sony FH-G33AV - um clássico mini hi-fi component system

Session.

Bem-vindo aos anos de ouro da fabricação de aparelhos de som hi-fi! O Sony FH-G33AV é um aparelho muito bem construído, com caixas acústicas de três vias, processador digital de áudio com vários ajustes, display VFD completo, controle remoto, duplo tape deck, reprodutor de CD com bandeja para três discos, saída para subwoofer (requer caixa ativa) e entrada auxiliar. A geração streaming + bluetooth nunca vai entender o que um aparelho assim representa!

Pelo tempo de vida, está em excelente estado de conservação, mas apresenta aquelas características comuns nesse tipo de equipamento:

  • Correias arrebentadas ou deterioradas no tape deck e no mecanismo de abertura da bandeja/seleção dos CDs
  • Bastante sujeira interna
  • Mau contato no conector de entrada auxiliar (canal L inoperante)
  • Relé antipop/thump de saída com atuação intermitente (às vezes, não fecha os contatos)

Mas vamos ao que interessa, de fato: fiz uma ressolda na trilha do canal L do auxiliar, que estava mudo, resolvendo o problema. Esse dano pode ter sido causado por alguma manutenção anterior, ao tentar soltar o mecanismo dos CDs sem soltar todos os parafusos do painel traseiro, o que fez tração no conector e arrebentou a trilha. A limpeza interna foi um plus, não ia deixar sujo daquele jeito! Também repus a correia do mecanismo de abertura da bandeja, que não abria com perfeição por estar usando uma 'correia improvisada', literalmente a borracha de prender dinheiro. Só não lubrifiquei as partes móveis ainda porque preciso revisar o circuito de controle do relé de saída, para resolver aquela intermitência de acionamento - às vezes, ao ligar o aparelho, não tem áudio nas caixas porque o relé não 'atracou', bastando uma batidinha de leve na lateral do gabinete para que o relé abra as saídas. Quando eu for revisar esse circuito, aproveito pra lubrificar tudo e de repente, já reponho as correias do tape deck.

Entrada auxiliar (Video)


A entrada auxiliar precisa de um sinal 'mais forte' para que o volume seja satisfatório. Nesse ponto, vou precisar montar um pré-amplificador com ajuste de sinal para resolver essa questão, porque uso um media center na sala e o sinal dele não excita completamente os canais - vou aproveitar esse projeto e embutir uma seleção de canais múltiplos, porque pretendo conectar um turntable (vitrola, para os íntimos) também. Fora isso, é um excelente aparelho, com uma qualidade de construção que reflete diretamente na audição: graves profundos, médios bem definidos e agudos quase cristalinos graças ao querido - e odiado - STK4213II.

Amplificação e montagem


O coração do aparelho é o STK4213II - capaz de fornecer 20W + 20W com baixa distorção - da famosa série de circuitos integrados destinados à amplificação de potência que foi largamente aplicada em diversos modelos. Cabe aqui mais um comentário para a geração streaming + bluetooth: não é sobre potência, é sobre qualidade; de nada adianta um classe D tocando 1000W sem qualidade.




Datasheet completo aqui

Particularmente, eu gosto do timbre dos STK, embora a sua reposição nos dias de hoje tenha se tornado mais difícil por indisponibilidade ou por falsificação. Muitos técnicos optam por substituir essa potência por outros circuitos, anulando o projeto original com o STK e em muitos casos, aprimorando a qualidade com projetos de potências transistorizadas. Fico imaginando aqui como seria uma potência classe A tocando nesse aparelho, aproveitando o sinal de qualidade e o processador digital.

Caixas acústicas do Sony FH-G33AV (SS-H991SAV)


Produzida em madeira, revestida e com tela frontal removível, possui peso de gente grande e três vias, sendo um woofer 16 cm, tweeter de 5 cm e um super tweeter com 2 cm. A impedância é de 6 ohms, 25W de potência total e é magneticamente blindada. Não existe vibração audível e a qualidade de surpreende mesmo no rádio, graças ao amplificador e ao processador digital, que entregam tudo que podem nesse mini hi-fi component system.





Claro que tem fotos! Vou atualizar essa postagem de acordo com as próximas manutenções - o tape deck, o relé etc. - e se você tiver alguma dúvida sobre o modelo, segue aqui o manual do usuário e também o esquema elétrico (service) ou manual de serviço do Sony FH-G33AV.






Sujeira, temos!




Trilha refeita no canal L

Depois de reparar a trilha do conector do auxiliar e de repor a correia da bandeja dos CDs, claro que dei aquele talento no interior da joia, né!


Detalhe pro STK 4132 II







Reposição da correia


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