Minimalista Amplifier - um puro classe A single ended inspirado no clássico JLH de 1969

Depois da grandiosa experiência em montar o Pur'A - Amplificador de Potência Hi-End Classe A, o bichinho do classe A me pegou e decidi que já era hora de ter outro 'A' pra chamar de meu. Mas dessa vez queria fazer algo mais clássico, mais vintage e com um timbre ainda mais puro. Nas minhas pesquisas e leituras no TCAAS - The Class-A Amplifier Site, minha primeira opção era usar o circuito original de 1969 e experimentar alguns toques de ousadia nesse circuito que, até hoje, é uma pérola da simplicidade e da qualidade, demonstrando que nem todo classe A precisa ser complexo para soar como um dos grandes.

O circuito original de 1969 é simplista, tema de muitas discussões até hoje a respeito da sua topologia. A complexidade dele gira em torno da sua simplicidade, promovendo uma audição muito interessante com tão poucos componentes e ajustes necessários. Claro que um circuito assim tem seus segredos para uma montagem de sucesso, e isso você pode ver no site que citei anteriormente, que possui vários materiais muito interessantes para leitura - além de algumas melhorias no circuito original de 1969 que você pode se guiar caso tenha vontade de aprofundar no assunto. Não vou repetir algumas informações sobre o projeto original aqui porque todas essas informações podem ser obtidas facilmente no TCAAS - The Class-A Amplifier Site ou mesmo e outros locais na internet. Material e roda de conversa não faltam sobre o JLH 1969!

Montagem robusta e visual vintage


Fiz a montagem inicial seguindo o esquema elétrico original como guia. Como gostaria de algo inspirado no JLH 1969, minhas alterações começaram nos componentes, onde alterei alguns valores e tipos como forma de contornar os componentes obsoletos do projeto original. Algo que pode ser muito interessante é substituir os transistores de saída por Darlington para um desempenho acima do esperado - e um aquecimento possivelmente maior, também. O dissipador de calor precisa ser muito eficiente pra manter a temperatura de trabalho dentro dos limites dos componentes, senão você vai perder o amplificador na primeira vez que deixá-lo ligado por alguns minutos - sim, acredite, um classe A consome corrente e gera calor mesmo que nenhum sinal seja injetado na entrada. 

No fim, eu tinha um circuito com valores um pouco diferentes e transistores de outros tipos também, casando entre si num classe A single ended inspirado no JLH de 1969 soando de forma muito limpa e presente. Agudos sempre cristalinos, médios aveludados e na medida, graves naquela faixa esperada por um classe A de baixa potência. Fiz várias audições ainda com o circuito aberto e pendurado por fios, ajustando cada detalhe, testando novos valores e tentando encontrar o maior ganho possível dentro de uma qualidade acima da média. 

A fonte de alimentação é superdimensionada e foi concebida com todo cuidado. Possui regulagem fina da tensão de trabalho a partir do LM317, um por canal, muita filtragem e uma ponte de diodos que eu recomendo fixar num dissipador de calor pequeno para evitar um aquecimento desnecessário. A fonte inicial, de quando comecei o projeto, usava os 1N5408, de 3A, mas eles aqueciam bastante quando os dois canais eram ligados. Dentro da média? Sim, eles poderiam ser usados sem problemas, mas eu não gosto de componente aquecendo demais, mesmo que esteja dentro do esperado e resolvi usar uma ponte que permite transferir calor. Uma alternativa seria dobrar os diodos 1N5408, que aqueceriam bem menos, mas o custo não justificaria. Outra solução seria criar uma ponte de 1N5408 para cada circuito, dividindo a quantidade de capacitores entre eles e compartilhando o mesmo GND no final. São somente ideias, você pode montar da forma que achar melhor para o seu cenário.

O dissipador principal deve ser usado para todos os componentes críticos para que a temperatura total de trabalho possa ser 'vista' pelos reguladores LM317. Isso se torna uma estratégia para aproveitar o circuito de proteção térmica nativa dos reguladores como uma proteção do próprio amplificador, atuando diretamente na tensão de alimentação das potências. Tenha em mente que um dissipador mal dimensionado poderá impactar não somente num aquecimento excessivo, mas também influenciar na leitura da temperatura de trabalho dos LM317, acionando a sua proteção térmica e causando funcionamento irregular das potências.

Antes de qualquer coisa, tenha muito cuidado ao realizar qualquer tipo de reparo, modificação, ajuste ou intervenção em equipamentos elétricos ou eletrônicos. Primeiramente, pela sua segurança. Não me responsabilizo por quaisquer prejuízos que você possa causar ao equipamento, a você e/ou a terceiros. Faça por sua própria conta e risco.

Algumas considerações se você pretende montar este ou qualquer outro amplificador classe A:

  • Dissipador eficiente para trabalho seguro
  • Fonte de alimentação superdimensionada
  • Reguladores de tensão e transistores de potência devem ser isolados e bem apertados no dissipador de calor
  • Fiação robusta e GND bem feito evitarão problemas
  • Gabinete com bastante ventilação (tente montar o dissipador externamente)
  • Transformador pode ser convencional, mas atente ao posicionamento no gabinete para evitar ruídos - ou use um toroidal
  • Circuito PET (ponto de equilíbrio térmico) é opcional e os valores dos resistores (27k e 10k) devem ser recalculados de acordo com o dissipador escolhido
  • Circuito original possui um trimpot do GND até a base do transistor de entrada que eu substituí por resistores fixos depois de ajustar a tensão no positivo do capacitor de saída (esse ajuste deve ser feito ao ligar pela primeira vez e após 20 minutos, conferir se precisa de novo ajuste)

    Nota pessoal: você pode manter esse trimpot se quiser porque o ajuste pode ser conferido de tempos em tempos e será necessário em caso de manutenção (se precisar trocar algum transistor, por exemplo).

  • Placa deve ter trilhas largas e bem construídas, sem cruzamento de trilhas críticas e com isolamento/blindagem GND eficiente (instalar distante o suficiente do transformador)
  • Circuito antipop (relé de saída) é opcional, mas eu recomento aplicar no projeto de qualquer amplificador
  • A corrente máxima fica em torno de 800mA por canal com a configuração apresentada, mas se você alterar o resistor de 560R poderá ajustar a corrente de trabalho (BIAS)

Primeiro acionamento do amplificador


Antes de qualquer coisa, revise novamente as conexões. Depois que conferir tudo, acione o amplificador com os falantes conectados e uma lâmpada-série para evitar possíveis danos. Deu tudo certo? Remova a série e ligue diretamente à rede elétrica.

Primeiro passo: 'aterre' as entradas ou feche completamente o potenciômetro de volume dos dois canais, conecte as caixas de som e alimente o circuito. Feito isso, ajuste perfeitamente a tensão de saída dos LM317 para 22V.

Segundo passo: ajuste de BIAS é 11V entre GND e o positivo do capacitor de saída, a partir do trimpot entre GND e base do transistor de entrada. 

Aguarde pelo menos 10 minutos e meça novamente a tensão dos reguladores e BIAS. Se necessário, refaça o ajuste e aguarde estabilizar. Importante usar trimpots multivoltas para maior precisão no ajuste das tensões de 22V e 11V de BIAS. 

Minha opinião sobre o Minimalista Amplifier


Eu tive uma experiência muito boa com o circuito do Pur'A - Amplificador de Potência Hi-End Classe A, mas posso dizer com toda certeza que o Minimalista Amplifier inspirado no JLH 1969 soa mais claro, possui nuances que o Pur'A não alcançava mesmo em volumes mais elevados. Acredito que a qualidade desse circuito possa ser explorada ainda mais com transistores de diferentes características, em busca de mais ganho e clareza no espectro das frequências audíveis. Eu quis aplicar os TIP41C por ter tido bons resultados com o Pur'A, mas nada impede que sejam feitos testes com outros tipos, e eu encorajo que alguém o faça!

Baixe aqui o arquivo PDF com a sugestão de layout para as placas do Minimalista receiver.









Samsung DVD-R150-155 - manuais de serviço e usuário


Tive a satisfação de conhecer esse aparelho em bancada - mas infelizmente não tive sucesso no reparo dadas as condições do aparelho versus custos - e como não encontrei facilmente material de apoio na internet, vou compartilhar o que consegui. Pode ser que ajude você.



Um dos principais defeitos é na linha de 5V: trocando todos os capacitores eletrolíticos, o aparelho volta a funcionar normalmente. No meu caso, o problema era na placa de controle e gravadora (loader), inviabilizando o reparo.


Vintage Audio Limiter: um clássico limitador de sinal usando LDR (opto limiter, lightspeed)

Tudo começou há alguns anos com a primeira versão do circuito que aplicado no projeto Projeto Labrador - H2PV1 Home2Pro Limiter & Clear, em fevereiro de 2016. De lá pra cá, acabei me esquecendo desse projeto e eu achava até mesmo que sequer tinha anotado esse esquema elétrico na época. Com a produção do Minimalista receiver em novembro de 2024, senti a necessidade de revisitar aquele projeto simples e eficiente que há anos me atendeu muito bem porque as entradas desse receiver não possuem compensações, ou seja, não são canais dedicados para tape, aux, phono etc. e possuem o mesmo nível de entrada. 

Pensando nisso, procurei muito pelos arquivos de projetos que mantenho como registro e por sorte, encontrei o esquema elétrico original do limiter de 2016, bastante simples e de fácil construção. Como seria de se imaginar, lá fui eu incrementar o projeto para tirar o máximo de qualidade e amostragem possíveis. Num primeiro momento, pensei em montar o circuito em um novo projeto, com características próprias e um gabinete individual - como era o projeto original - mas pensando de forma prática, por que não integrá-lo ao Minimalista Receiver e aproveitar toda a infraestrutura que ele já possui?! Sim, fonte, impedâncias, gabinete blindado etc. são muitas vantagens e além disso, a necessidade surgiu justamente por conta dessa aplicação - o receiver. 

Podemos dizer até que o Minimalista Receiver é uma integração muito melhorada do Home2Pro com o M1 Switch box

Funcionamento do limiter


Vou aproveitar um trecho do texto do projeto original do limiter para ilustrar o conceito básico de funcionamento:

Quanto ao ajuste automático, optei por montar uma cápsula limiter com um LED 3mm vermelho de alto brilho apontado para um LDR precisamente selecionado a uma distância cravada de 3mm num ambiente interno totalmente isolado e escuro. A configuração foi crucial e perfeitamente encontrada após horas de testes massacrantes. Parece simples - e é - mas no controle dessa interface é que mora o segredo do projeto. Porque se você acha que basta o LED piscar para cair a resistência no LDR, você está enganado. O controle - depois de ser calibrado internamente, claro - analisa a resistência atual do LDR, cruza essa informação com o sinal de entrada e envia para o LED a informação precisa de 'quanta luz' deve emitir e quanto tempo deve se manter iluminado para cada pico de sinal. Seguindo o mesmo princípio, o controle envia para o LED a informação para se apagar rapidamente quando a resistência lida no LDR é proporcionalmente inferior ao necessário para manter a saída constante, o que faria com que o sinal 'caísse' tornando o sinal de entrada menor do que o pico atual. Mais uma vez o circuito de controle atua de forma precisa e rápida sem perder as características originais do sinal. Claro que toda essa função é processada num período de tempo extremamente curto para que consiga acompanhar cada linha de sinal que chega ao circuito. Enquanto você lia essa informação, o circuito já operou a função milhares de vezes.

Com a nova versão, alguns pontos foram aprimorados, como a própria cápsula que aponta o LED para o LDR, além da calibração de resistência mínima que foi adicionada para que o pico de atenuação dos LDRs seja exatamente igual em ambos canais, facilmente ajustável pelos trimpots multivoltas. Há dois controles no painel frontal, um para ajustar o range (CUT) e outro o tempo de atenuação (TIME) ajustando o sinal como se fosse um attack/release mais aveludado. Também existem dois LEDs ACT nos circuitos que servem como um visual da quantidade de sinal que está sendo atenuado em tempo real. Adicionalmente, foi acrescentado um botão de pressão ON/BYPASS que permite desativar o limiter a qualquer tempo, com dois LEDs indicadores de status - azul para ON e vermelho para BYPASS. O casamento entre o limiter e o receiver resultou numa solução clássica para audição de diferentes fontes de sinal mantendo o volume master num nível mais adequado para todas as aplicações.

Calibração das cápsulas


É necessário ajustar a resistência mínima de atenuação dos LDRs de forma individual pelos trimpots TR1 e TR2, que são multivoltas e permitem um ajuste fino.

  • Alimentar o LED da cápsula entre 2.5V e 3V
  • Medir a resistência do LDR entre os pontos LIMITER IN R e GROUND 
  • Ajustar TR2 até obter 2 k na leitura do multímetro
  • Aguardar estabilizar e garantir que TR2 esteja no ponto

Repetir a operação para o outro canal e finalizar a montagem do circuito.

Pequeno manual de boas práticas


Vou comentar alguns pontos do circuito para ajudar na interpretação do projeto atual e as modificações possíveis que você poderá fazer para customizar seu projeto.

  • Chave GROUND/LIFT e seu LED são opcionais, assim como os LEDs 'preview' do limiter e os peak level do pré-amplificador
  • Reguladores 78XX não precisam de dissipador de calor, mas dependendo do transformador utilizado, recomendo aplicar pelo menos no 7805 (ou fixar os reguladores num ponto metálico do gabinete para evitar aquecimentos desnecessários)
  • Conectores que utilizei são RCA e recomendo que faça as conexões com GROUND o mais perfeccionistas possível para evitar ruídos
  • Pode alterar o ganho do TL082 como preferir, mas não há necessidade se for aplicar entradas comuns (rádios, tapes etc.)
  • O mesmo circuito do limiter pode ser adaptado para pedais de guitarra (sim, já fiz algo assim e fica excelente) ou para utilização em mesas de som pelo SEND/RETURN para voz e instrumentos que precisam ser limitados (também já fiz e o resultado surpreende)
  • A distância ideal entre o LED e o LDR na cápsula é de 1 cm (precisa ser totalmente escura e isolada com LED e LDR perfeitamente alinhados frente a frente)
  • Limpe a face do LDR e do LED antes de fechar a cápsula para remover sujeiras e garantir a melhor absorção/emissão de luz possível
  • O circuito de referência do limiter (etapa com BC546 na folha 'PREAMP + LIMITER REFERENCE + PEAK LEVEL') já está calibrado dentro daqueles valores e equivalentes do transistor podem ser aplicados sem problemas
  • Faça casamento dos LDRs: mesmo que o circuito possua a calibração inicial, selecione aqueles que mais se aproximam entre si no valor de resistência quando iluminados pelo LED (dica de calibração descrita anteriormente)
  • Realize a montagem da forma mais cuidadosa possível e prefira gabinetes metálicos para aproveitar a blindagem natural do material (aterrar de forma eficiente a carcaça)
  • Com a exceção do LED das cápsulas, todos os demais LEDs indicadores podem ser substituídos por outros com a devida compensação dos seus resistores limitadores
  • Aterrar ao GROUND todas as partes metálicas (como potenciômetros) e usar cabeamento blindado se for montar ponto a ponto



Baixe aqui o arquivo PDF com o esquema elétrico do Vintage Audio Limiter.



Acompanhe a evolução do projeto pelo post do Minimalista Receiver


Para facilitar a localização dos arquivos das versões e também para futuras atualizações, compartilhei as pastas onde estão salvos os esquemas elétricos e desenhos das placas de circuito impresso.

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