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Como adaptar fones de ouvido a (quase) qualquer equipamento?

Pode parecer simples para quem já está na área há alguns carnavais, mas muita gente não sabe por onde começar. Recebi um e-mail do Marcio (olá!) esse final de semana onde ele diz ter uma TV Semp igual àquela minha e que gostaria de saber como adaptar uma saída para fones de ouvido nela. Mas nas suas próprias palavras, ele não tem a menor noção de como fazer isso. Então, Marcio, vamos a um tutorial básico!

Primeiramente, você vai ter que comprar em alguma loja de componentes eletrônicos (ou utilizar algum de sucata) um plug P2 (dos pequenos, iguais aos de fones de celular) ou P10 (aquele formato grande que chamam de 'banana') fêmea estéreo. Esse padrão do plug (P2 ou P10) depende do fone de ouvido que você pretende usar. Seja qual for o padrão adotado, é importante que o plug possua um formato que permita a fixação em painel, seja por rosca ou por encaixe, senão você terá que colar e isso atrapalhará futuras manutenções. Também compre dois resistores de 120R 1/4W. Importante esse plug possuir chave integrada, não é difícil encontrar, porque precisamos dela para comutar entre os fones e os falantes da TV, fazendo a função de desligar os falantes quando o fone é plugado e religá-los quando os fones são desconectados. 

De posse desse plug (que constitui 80% desse projeto!), vamos iniciar os trabalhos. Defina onde você vai fixar esse plug para os fones, antes de qualquer coisa, e já faça a furação. Feito isso, aquele chicote dos falantes vai ter que ser cortado e cada ponta soldada de acordo com o esquema. Não tem mistério aqui. Aquelas chaves de seleção podem parecer complicadas, mas usando um multímetro na escala de continuidade você poderá identificar facilmente a posição em que elas se encontram sem ter o fone conectado. Solde os resistores seguindo o esquema (a saída da chave que vai para os fones deve estar aberta, e quando se conecta o fone ela se fecha passando som para os fones e cortando os falantes) e fixe o plug onde você furou no gabinete da TV. Antes de ligar a TV, meça todas as conexões entre os cabos positivo e negativo dos falantes, tanto com o fone plugado quanto desplugado e certifique-se de que não há curto-circuito. Não tenha pressa de testar: melhor 'perder' cinco, dez minutos conferindo o circuito do que danificar o equipamento. Se tudo foi seguido à risca, deve funcionar de primeira sem complicações.

Importante lembrar que trabalhar com TVs (e com outros equipamentos também) pode ser perigoso devido às tensões altíssimas que são encontradas em diversos pontos, além das áreas vivas, que não possuem qualquer isolamento da rede elétrica. Tome precauções também nas conexões para não criar um curto na saída do amplificador que, dependendo do tipo, poderá queimar instantaneamente. Não me responsabilizo por quaisquer danos ao equipamento e tampouco por possíveis acidentes que por ventura ocorram. Tome todos os cuidados e descarregue os circuitos antes de qualquer procedimento.

O esquema pode ser alterado para trabalhar com outros equipamentos também, sem qualquer problema, com as devidas alterações dos valores de R1 e R2. É possível utilizar em TVs e equipamentos com saída mono seguindo o esquema em anexo. Espero que seja de grande ajuda!


Clique para ampliar ou baixar


Controle remoto do Chery QQ 2011/2012 (S11) pisca LED mas não aciona travas e central de alarme

Depois de algumas investidas DIY no sapinho, estive lutando nesse controle quando ele passou a dar umas rateadas na hora de acionar a central. É um circuito bem simples, sem muita frescura - como o próprio carro - e eu não conseguia entender o porquê de ele oscilar mas não enviar sinal corretamente pra central.

Quando comprei esse carro, achei estranho terem colocado duas baterias no controle remoto, CR20XX não me lembro, mas é das mais fininhas. Pensei que fosse preguiça da ex-dona de resolver o problema da folga e do mal contato da bateria, eliminando um espaço entre a placa e os contatos com outra bateria. Sem falar que estava mascarando um defeito ao alimentar com 6V um RF projetado para operar com 3V. Mas não era preguiça. Já tinha esse problema crônico. Hoje, finalmente consegui deixar o carinha afiado e funcionando até de longe.

Não vou me aprofundar nem entrar no beabá do RF, mas quem entende um pouco de eletrônica sabe que em áudio e RF a qualidade da alimentação é fundamental para que o circuito funcione como o esperado. Nesse caso aqui em especial, colocaram um LED vermelho que pisca quando você pressiona uma das teclas. Antes de sair trocando o transistor R25 e medindo todos os capacitores, decidi simplesmente testar esse controle com mais corrente, mantendo a tensão. Fiz o teste utilizando uma célula de lítio com carga de 3,2V (2,2A) e o RF acionou a central normalmente com apenas um toque sutil nas teclas. Ou seja, alguma coisa estava 'roubando' corrente do CI, tornando a oscilação fora de padrão e interferindo na transmissão. Um adendo aqui: não sou especialista em RF, nunca trabalhei com radiofrequência aplicada, nunca fui um entusiasta da área; apenas conheço os conceitos e procuro aplicá-los da forma correta. Quando falta informação, tem a internet. Não pretendo transformar esse assunto num debate de clubinho.

Antes disso, fiz um reforço com fio de cobre pra antena desse controle, que nada mais é do que uma trilha mais grossa que quase faz uma volta completa em uma das faces da PCI. Mas o que efetivamente funcionou foi retirar da placa o resistor de 1k (R6) em série com esse LED vermelho. Toda a corrente e tensão da CR2032 foram dedicados ao CI que instantaneamente passou a funcionar como deveria. Fiz testes de muito longe, dentro do possível que meu pátio permite, e o controle acionou a central de forma eficaz e sem rodeios mesmo com toques curtos e breves. Antes dessa descoberta, pensei serem os botões o problema, mas descartei logo que fiz testes de continuidade neles. Estavam perfeitos. Era um saco quando o controle resolvia não funcionar o destravamento das portas. Muita força a troco de nada, como quando as pilhas do controle remoto da TV ficam fracas e a gente aperta mais forte como se isso fosse resolver alguma coisa. Casa de ferreiro...

Nunca entendi esses LEDs em controles de RF. Acho desnecessário e cruel para quem precisa ficar trocando essas CR2032 de dois em dois meses. Quando tinha moto, instalei o alarme dela e os dois controles (o de presença e o comum) tinham LEDS AZUIS! Uma piada, consumiam muitas pilhas ao ponto de eu só usar o de presença escondido comigo e deixar o comum sem pilha preso ao chaveiro pra entregar a um possível vagabundo que pudesse levar a moto num assalto.

Então, se você tem um QQ ou um outro veículo que possua controle remoto com LED, recomendo fortemente desativar pra economizar pilhas. E em alguns casos, também pra manter o RF redondinho. Cada caso é um caso, mas vale a pena avaliar se é possível desativar o LED sem prejuízo do funcionamento do circuito. E vale mais ainda a dica para quem pretende levar o controle pra conserto nesses chaveiros de esquina, que vão cobrar um monte de dinheiros de você e que talvez nem consigam resolver seu problema. 

Detalhe do resistor R6 retirado

Decidi manter o reforço da antena


Rádio de mesa Philips 1973 - perpetuando memórias!

Philips 1973. Esse tem história. Pega café e senta.

Devanir, dona Deva ou Devinha, minha sogra (amadíssima, sim senhor) me pediu pra dar uma olhadinha nessa relíquia há alguns meses, e claro que não iria me fazer de rogado: pensa numa satisfação pessoal ter um aparelho desses na bancada! O problema era simples: não ligava. Nenhum ruído, estalo, estática; nada. Veio de viagem de Bagé, trazido pela Renata, minha esposa, quando foi passar uns dias por lá em uma das raras folgas que tira no trabalho. Quando vi esse aparelho, fiquei me coçando pra começar logo a mexer nele.

Esse modelo só funciona a pilhas, não possui entrada para energia elétrica. Montei uma fonte rapidamente para os 6V requeridos e comecei a procurar o problema. Sou desses que prefere um trágico 'não liga' a ter que procurar defeito cabuloso do tipo 'não pega FM, só AM'. Ou coisas do tipo. Levando em conta que esses aparelhos foram produzidos por gente muito inteligente, técnicos muito competentes e engenharia raiz, não deveria ser nada muito grave. Meu receio era ter que substituir algum transistor... invólucro metálico, ainda. E a maioria deles, sem meios de identificação - marcação impressa já deteriorada. Imagina. Diodos de germânio, capacitores de alta precisão... No final das contas, o 'grande' defeito se resumiu ao desgaste natural de um dos terminais de um dos transistores da potência. Havia sinais de umidade interna, mas previsível, já que esses rádios eram utilizados, geralmente, na cozinha, onde as donas de casa ouviam os programas enquanto cozinhavam. Terminal restaurado e aparelho recuperado. Simples assim. E pensar que hoje em dia, um 'não liga' geralmente implica em troca de 'placa de sinal' ou coisa do tipo, já que dificilmente se dá manutenção nos equipamentos modernos. Essas infotrônicas da vida. E viva o consumismo.

Uma restauradinha de leve no dial, que estava 'embaçado' pelo tempo e carcaça lavada deixaram o carinha aí muito elegante e de cabeça erguida de novo. Também adaptei uma entrada AC pra que não fosse necessário utilizar pilhas. Deva ficou faceiríssima! Ela ouve com frequência - trocadilho imperdoável - programas de rádio e poder contar com esse Philips que era de sua mãe, foi mais que um presentão. Ela confessou que pensou em me pedir para adaptá-lo para uso em energia elétrica, mas achou abuso demais! Imagina, né. Aqui é serviço completo com direito a (boas) surpresas! Fiquei extremamente feliz em poder dar sobrevida a esse aparelho e, de certa forma, perpetuar as memórias que ele representa.

Algumas fotos do Philips. Não encontrei o modelo dele, mas em pesquisas, vi que data de 1973 ou muito próximo a essa data. Se você sabe qual é o modelo ou possui alguma informação adicional, queira deixar nos comentários para que eu atualize a postagem.






Fonte low cost (genérica) com cooler PWM (ou como deixar o cooler do PC mais silencioso)

Session. Again.

Dessa vez é coisa rápida. Simples. Tenho um servidor de câmeras 24/365 que fica no mesmo local onde projeto as coisas e que compartilho espaço com um home office. Quando tinha um servidor melhor, a fonte era uma Corsair dedicada e super silenciosa. Parou e eu não achei justificável comprar outra fonte desse nível para um servidor caseiro. E como utilizo ele sob regime de nobreak, muito raramente dá problema numa fonte dessas - low cost - trabalhando dessa forma. E quando dá problema, é fim de vida útil mesmo, já que fica ligada durante horas e por meses. O problema dessas low cost é - entre outras coisas - o barulho infernal gerado pelo cooler. Daí, como aqui tem DIY, fui lá pegar uma daquelas plaquinhas muquiranas de controle de corrente/tensão e fiz a adaptação. Digo corrente/tensão porque a arquitetura delas varia, e existem muitas delas por aí. Essa mesma, foi tirada de uma fonte low cost que prometia 600W. Coisa muito simplória, mas que funciona muito bem: tensão varia pelo termistor que é comparada a um zener e o resultado você pode deduzir.

Troquei também o cooler vagabundo que tinha nela por um Delta (dispensa apresentações) e montei tudo, deixando o termistor em contato com o dissipador. Problem solved!

Silêncio reinando no ambiente.


GeForce 9400GT - sobrevida garantida!

Com alta rotatividade e vida útil cada vez menor, as placas de vídeo com até 1GB costumam ser sumariamente descartadas por razões que vão desde o capitalismo selvagem até um probleminha com cooler... E aqui está mais um caso desses, só que com um final bem diferente

Ganhei essa daí do Jair (meu fornecedor de lixo eletrônico mais ativo) e já é a terceira. Mas essa funciona de fato, só que veio com o cooler quebrado na base do eixo e sem a 'capinha' plástica da GeForce. Totalmente desmontada e limpa, só faltou resolver o cooler.




E foi resolvido. Não entendo o porquê de colocar uma placa dessas no lixo quando uma placa de vídeo onboard (das MB mais populares) costuma ter entre 32MB e 128MB não dedicados se você pode simplesmente doar alguns minutos técnicos para ter 512MB dedicados na sua máquina. Em todo caso, não é para ficar bonitinha nem ter LED: é para funcionar. 

Essa vai rodar macio ainda por alguns anos, com certeza. E para os curiosos, sim: ela está rodando como nova.


Cooler reaproveitado

Lego'Clock

Unindo os restos lógicos de um micro-ondas morto com o brinquedo mais genial já produzido, chegamos ao projeto DIY mais divertido e útil do site: o Lego'Clock. Com backup de energia e autonomia estendida, o projeto traz a praticidade do Lego para DIY com a reciclagem de material eletrônico

Nosso micro-ondas partiu faz tempo mas como eu não deixo nada passar, salvei a placa de comando inteira. Como joguei fora a membrana do teclado, precisei mapear cada tecla de 0 a 9 e o 'cancelar' para que pudesse utilizar como relógio. As demais funções não seriam utilizadas, portando, foram desconsideradas. Até pensei em utilizar a placa como timer de precisão, mas faz tempo que quero um relógio digital...




A placa originalmente possuía um transformador de duplo enrolamento (10V x 250mA e 7.5V x 50mA) que foi removido e substituído por uma fonte externa de 9V x 210mA (mais lixo: alimentava um telefone sem fio) casada numa configuração clássica com uma bateria de 9V de backup. O teclado para ajuste das horas, depois que mapeei as teclas, foi montado utilizando botões de clique de mouse e não é visto nas fotos porque é alocado dentro da 'caixa' de Lego, juntamente com a placa de comando - que foi cortada meticulosamente para reduzir suas dimensões - e a bateria de backup. Tudo coube cuidadosamente dentro desse gabinete nostálgico e colorido. Quanto ao consumo, é extremamente baixo e fica ligado todo o tempo sem perder o horário ajustado mesmo quando falta energia elétrica.

Uma última alteração que pretendo fazer é um ajuste de brilho automático dos LEDs do display. Quero algo bastante fraco no escuro e com brilho normal durante o dia, mas de forma autônoma, que ele entenda as alterações de luminosidade do ambiente e que se ajuste sozinho. Será atualizado em breve.


Display no escuro


Para ilustrar melhor o projeto, passo a palavra para minha estimada companheira, que também esteve presente em outro projeto do site e que contribuiu de forma avassaladora para que o relógio tivesse acabamento de Lego, que ela guarda desde a infância.

Ah... Fazia tempo que o Lucas estava de olho no meu Lego... Claro que eu só iria cedê-lo para um projeto que, além de genial, tivesse também um legado (ops) emocional. Nada de desperdiçar minhas pecinhas de quase 30 anos com qualquer coisa. Queria algo, na verdade, que eternizasse meu brinquedo favorito de infância e fosse, ao mesmo tempo, útil. O projeto do relógio digital se encaixava perfeitamente nisso.

Separei quais peças ele poderia usar e esperei pela criação, como de praxe. Mas a engenharia da coisa não fluía, então resolvi intervir, digo, monopolizar a parte estrutural do projeto. E então tudo foi se encaixando, literalmente. Fiz o mosaico nos mínimos detalhes, bem como manda meu TOC. Incluímos portas e janelas - também - pela falta de pecinhas, mas elas foram justamente a cereja do bolo do lego. Amei. Ah. E o nome foi ideia minha. Agora só falta regular a luminosidade do display para que eu consiga voltar a dormir.


Demonstração do backup de energia






TR1000e - TRAFO de 1000VA com proteção de carga e Soft Start (SS)

Baseado numa recente modificação de um estabilizador de tensão, o TR1000e ganhou status de inovador e cresceu em tecnologia e proteção - tanto das cargas quanto do próprio conjunto - tornando mais eficiente a forma com que utilizamos a energia elétrica e observados os estados de operação do sistema

Recentemente fiz uma modificação num estabilizador de tensão Enermax de 1000VA. Ficou basicão, sem qualquer recurso adicional além de um LED vermelho indicador de ligado. Dessa vez, aprimorei a modificação adicionando indicadores, proteções e mais poder e segurança ao projeto.

Utilizando a carcaça de um nobreak APC de 600VA que morreu há algum tempo, consegui adaptar o enorme trafo e o circuito soft start no interior bastante 'confuso' - tanto que precisei cortar algumas ligas plásticas para liberar espaço. Também alterei o circuito dos LED's frontais original para atender aos princípios do projeto.

Para conectar o TR1000e à rede elétrica, basta conectar o cabo AC na tomada traseira (não existia no gabinete do nobreak) e virar a chave AC localizada no painel traseiro, logo abaixo da tomada AC de entrada. Note que esta chave bipolar com capacidade de 250V x 15A também foi adicionada ao projeto. Dessa forma, o LED de status (vermelho, 5mm) é iluminado indicando tensão primária. As saídas não são acionadas, obviamente, até que se pressione a chave SS (soft start) do painel frontal, o que aciona todo o conjunto. Se tudo está OK, o LED de status se apagará, o LED ON (verde, 3mm) se ilumina juntamente com o LED OK (amarelo, 3mm) indicando tensões corretas e acionamento do SS. Em casos de subtensão, onde a tensão de entrada é inferior aos 220V necessários, o LED de status permanecerá iluminado e o SS não acionará, permanecendo inativo para proteger o sistema e as cargas. Para sobretensão ou sobrecarga, o fusível será rompido. A chave bipolar corta completamente as duas fases da tensão no interior do equipamento, permitindo total isolamento da rede elétrica quando não estiver em uso. Também há integração total para fins de aterramento, respeitados os pinos e as normas.

Há um quarto LED no painel, LED FUSE (vermelho, 3mm) que indica o status do fusível principal - 250V x 15A de queima rápida. Quando em operação, esse LED permanece apagado. Se o fusível se rompe, o LED se ilumina indicando sua avaria. Nessas condições, o LED de status também se ilumina, indicando tensão primária mas ao acionar o botão SS no painel frontal, mesmo se apagando, não há acionamento do sistema até que o fusível seja verificado e restaurado. Ao substituir o fusível, o LED FUSE se apaga e o sistema volta a operar normalmente. Foi adicionado um cooler - originalmente retirado do nobreak, na época - para melhorar a dissipação de calor no interior, já que temos 1000VA de potência que serão usados em cargas por longos períodos de tempo. Não seria necessário, levando em conta o projeto, mas gosto de manter as coisas trabalhando em condições generosas para que durem mais tempo e também para que não ocorram gargalos devido aos limites de operação em faixas de temperaturas mais altas.

Guardava esse gabinete da APC faz tempo, sempre achei ele bonitão e queria lhe dar um destino digno. Acho que consegui.


Cabo com capacidade de 15A e 250V

Detalhe para o conector AC IN e chave bipolar



LED's: status, on, fuse, ok


Criei um vídeo demonstrativo para entender o funcionamento do SS e dos indicadores do painel frontal.

REN - Media Center

Produzido 100% a partir de lixo eletrônico, o REN Media Center reproduz vídeos, imagens e músicas a partir do software dedicado Kodi com alto rendimento e baixíssimo consumo de energia

Recebi um notebook pelos Correios lá das bandas da Costa Verde do Rio de Janeiro (salve, salve, Alex!) para ver se tinha salvação. Se tratava de um Acteon ACT-M5 sem fonte, com bateria esgotada e que, segundo ele, estava parado há muito tempo. Testando tudo minuciosamente, cheguei ao  seguinte veredito:

  • Bateria morta
  • HD destruído
  • Teclado com várias teclas não funcionais
  • Display com pouco brilho (desgaste natural)
  • TouchPad pouco sensível
  • Cooler travado com 'rolamento' desgastado
  • Módulo de memória 'solto' do slot

Passei o estado da máquina pro Alex e ele disse pra mandar pro desmanche. Foi o que fiz. De toda a máquina, salvei apenas a placa mãe com processador, memória, dissipador com cooler e o leitor/gravador de DVD. Sabia que um dia faria alguma coisa com essa plaquinha. Tirando o chipset SiS 672, não é das piores não:


Primeiros testes de hardware (detalhe na placa)


  • Mobile Intel Celeron 530, 1733 MHz (13 x 133)
  • Chipset SiS 672(FX)
  • Vídeo SiS Mirage 3 Graphics (128 MB)
  • Áudio Realtek ALC662 SiS 7012 PCI Sound Chip
  • Up to 2GB DDR2 667MHz
  • Wireless b/g

Minhas primeiras ideias partiam desde montar uma jukebox para vender ou presentar um amigo até transformar essa plaquinha num console de SNES com milhares de jogos. Parei por aí e deixei a plaquinha limpinha e bem guardada até uns meses atrás, quando decidi montar um media center para que pudéssemos assistir nossos filmes em formatos de maior qualidade, já que hoje preciso converter TODOS os vídeos para que nossos aparelhos de DVD consigam reproduzir pela USB via pen drive. Imagina que trabalhão. Fora que perdemos um tempão convertendo filmes que poderíamos estar assistindo em qualidade bastante superior àquela 'máxima' suportada pelos leitores USB dos DVD's. Enfim. Iniciei o projeto no papel, definindo todas as prioridades e dependências para o projeto, limitações e prevendo todos os problemas. Na teoria tudo dava pé.

A primeira ideia era utilizar uma carcaça de um nobreak APC bem bonita que tenho guardada há algum tempo. Daí, eu deixaria embutida uma bateria e placa para backup da fonte. Seria ótimo se a placa mãe coubesse. Não funcionou. Depois me lembrei de um modelo de switch da D-Link que poderia ser perfeito para o projeto. Me veio o Jair - bandido! - com mais lixo eletrônico do trabalho e lá no meio tinha um D-Link! Algumas portas não funcionavam mais, outras sim. A fonte estava em perfeito estado, guardei com satisfação e segui para medir os espaços disponíveis no gabinete versus dimensões da placa mãe e todo o resto - HD, fonte, etc. Com uma precisão cirúrgica, todos os componentes para o media center couberam dentro do gabinete!

Iniciei a preparação limpando o gabinete e formando uma série de pinos com rosca - desses comuns de gabinete de desktop - para fixação da placa mãe. Encaixe perfeito, parti para alocação do HD e da fonte, assim como as adaptações no dissipador de calor do chipset e do processador, já que não caberia em seu formato original.


Pinos para fixação da placa mãe prontos

Fonte (pinos já afixados)

Placa mãe (pinos já afixados)


Maiores desafios

Um dos maiores desafios foi manter o sistema operando em faixas de temperaturas confortáveis sem altos ruídos de cooler, mesmo em sessões de maior processamento. Como cortei um pedaço considerável do dissipador original, precisei estudar a posição ideal para um cooler ventilar sobre o processador mas que também incluísse parte dessa ventilação para o chipset. Já primeira tentativa deu muito certo, com um cooler 5V de perfil baixo que foi conectado diretamente ao controlador CPU FAN da placa, que foi retirado de uma dessas bases ventiladas para notebook - 'presente' do mesmo Jair há algum tempo, juntamente com um hub USB que está em uso com o PCR - até que eu quebrei acidentalmente uma das pás desse cooler, que já estava perfeitamente afixado. Por pouco o projeto não parou... Fui salvo por um cooler 12V de placa de vídeo, que foi conectado diretamente ao controlador CPU FAN utilizando um driver com um transistor para acioná-lo em 12V, tensão diferente dos 5V fornecidos ao cooler original. Perfeitamente funcional. A mesma técnica foi aplicada ao cooler auxiliar, que retira o calor do interior do gabinete e que também é acionado por um driver similar via 5V, de uma das portas USB. Também funciona perfeitamente e sem interferir na tensão da porta. Para ilustrar melhor, as tensões 5V tanto da porta USB quanto do conector original CPU FAN servem apenas como 'gatilho' para excitar a base do transistor que, por sua vez, libera a tensão para os coolers 12V.


Esquema dos drivers 12V

Cooler retirado de placa de vídeo com driver para 12V

Detalhe do cooler auxiliar (ainda sem driver 12V)


E sim, eu pensei em montar com dissipação passiva - e nem seria tão difícil dissipar essa plaquinha. Mas com esse mínimo espaço, nem levei a ideia para frente... Como se trata de um projeto constantemente atualizado, esse cooler principal poderá vir a ser substituído no futuro por outro de melhor desempenho.

Outro desafio foi criar um cabo de dados para o HD. Para quem não sabe, a maioria das placas de notebook e netbook possui encaixe para conectar diretamente ao HD, em raras exceções você encontrará um cabo flat ou similar conectando o disco ao controlador da placa. Foi necessário instalar o HD na parte inferior do gabinete para aproveitar o (pouco) espaço disponível, daí a necessidade desse cabo de dados. O primeiro teste falhou: a placa não reconhecia o disco por conta do tipo de fio utilizado e também pelo seu comprimento. Utilizando um cabo de dados SATA padrão com comprimento calculado para reduzir ao máximo a distância entre o disco e a placa o problema foi sanado e a transferência de dados foi normalizada dentro de seus parâmetros normais.


Detalhe da fonte 12V x 5A
Não tinha a fonte original do notebook e tampouco queria desembolsar cerca de R$ 80 numa fonte universal razoável. Como não iria utilizar a bateria, a tensão necessária para fazer a placa funcionar cairia bruscamente dos seus 20V originais. As tensões das fontes dos notebooks são mais altas do que seria o necessário para o sistema funcionar por conta das baterias que precisam ser recarregadas. Logo, como não teria bateria para recarregar sempre, optei por testar uma ótima fonte chaveada de 12V x 5A - valeu, Jair! - e tudo funcionou perfeitamente sem qualquer problema. Todas as tensões estavam corretas, o desempenho do sistema não foi perdido e nenhum problema foi encontrado. Essa fonte está superdimensionada em corrente, obviamente, mas como poderemos ter HD's externos plugados nas USB's frontais, teclados e também por termos, internamente, um adaptador wireless numa das portas, corrente sobrando não faz mal a ninguém. Poderia ter testado tensões menores até, em prol da curiosidade, para alimentar essa placa. Mas não quis perder tempo e nem correr riscos.

Conversor VGA x Vídeo Composto

Mas como ligar esse negócio se a saída é VGA e nossas TV's possuem somente vídeo componente e vídeo composto? Vou comprar um conversor VGA para TV e pronto. Não vamos degradar tanto a imagem a ponto de perdermos mais qualidade do que já perdemos nas conversões de formato e tamanho. Logo menos eu posto aqui uma atualização do media center com o conversor, que já foi comprado e que deve estar chegando a qualquer momento.


Detalhe do cabo VGA e RCA (áudio)


Segundo o fabricante, esse conversor é alimentado diretamente pela USB, ou seja, 5V. Pensei em embutir esse circuito no media center, mas geraria mais calor ainda e, muito provavelmente, eu precisaria adaptar novamente todo o interior... então, optei por manter o cabo VGA saindo pela traseira do media center e operando o conversor externamente, até por conta dos seus botões de controle de imagem.

Sistema Operacional

Minha ideia inicial em qualquer projeto que envolva computadores é utilizar Linux. Preferencialmente, uma distro voltada ao propósito. Resumindo a jornada, encontrei problemas com o driver de vídeo SiS 672 e tentei milhares de soluções para resolver. A maioria das 'soluções' matava a instalação e eu precisava recomeçar do zero... Uma das mais simples e que eu teria mantido caso funcionasse era o GeexBox. Achei muito leve e prático, mas o vídeo não funcionava... Voltei ao velho e funcional Windows, em sua versão 7 - por conta do processamento de vídeo específico do Kodi. Até pensei em usar o XP, mas o vídeo não oferecia suporte ao Kodi. Utilizei uma das minhas licenças do 7 Home Basic, atualizei até a data dessa postagem e tudo segue funcional e com um ótimo desempenho.


Teste com Linux (sem driver de vídeo)


Então, vamos falar de configurações. Ficamos assim:

  • Microsoft Windows 7 Home Basic x86 SP1
  • Kodi 'Helix' 14.2 para Windows (x86)
  • K-Lite Codec Pack 11.1.0 Mega
  • Link One USB Wireless b/g/n 150MB/s (a placa wireless original foi removida)
  • 2GB DDR2 667MHz
  • HD Samsung 320GB
  • 2 portas USB frontais 2.0 + 1 porta interna livre
  • Pasta 'kodi' compartilhada na rede local para atualizações gerais
  • Conectividade via LAN, se necessário
  • LED's frontais: indicador de ligado (verde) e atividade WLAN (laranja)
  • Saída de áudio via RCA (L+R)
  • Ventilação dupla: entrada direto para dissipador e lateral para retirar ar quente
  • Bivolt automático 100VAC~240VAC


Interior finalizado

Kodi rodando

Reprodução de vídeo (skin padrão)


Sobre o acabamento

Todo mundo sabe que a D-Link e a maioria das empresas adora prensar os gabinetes metálicos com seus logos. E esse aqui não era diferente. Minha digníssima foi bem espertinha em sugerir a aplicação de massa acrílica, dessas de parede mesmo, para preencher o baixo relevo com o logo. Estávamos retirando uns quadros da parede e tapando os furos com essa massa, e daí ela mesma o fez. Só lixei depois de seco e revesti a tampa.


Baixo relevo original do gabinete


A frente do media center tem partes de mais de um defunto: tampas de baia de CD-ROM servem de base para o painel e dois acrílicos transparentes centrais que foram retirados de uma impressora EPSON formam os indicadores de ligado e de atividade de rede. Claro, também existem mais partes de outros defuntos como os LED's, parafusos, portas USB frontais, botão ON/OFF que saiu de um modem D-Link antigo... é o lixo se renovando. A ideia nasceu em janeiro desse mesmo ano, mas só comecei a trabalhar no media center em fevereiro, quando consegui o switch para reciclar.


Detalhe dos LED's frontais (no escuro é legal e discreto)


Detalhe da ventilação principal

Portas USB 2.0 e botão ON/OFF de pressão

Etiqueta de licenciamento do Windows 7


Dois parafusos na diagonal parafixação do HD

Detalhe dos LED's frontais apagados



E o nome REN? Não é sigla de alguma tecnologia e nem abrevia qualquer informação. É parte do nome da minha digníssima esposa. O projeto é dedicado a você, tranqueira. Agora seu computador não vai mais ficar ligado a noite inteira convertendo filmes, nem vamos ter aquele dilema de que o filme X só roda na sala e o Y só roda no quarto. Agradeço pelo apoio e pelas ideias com este e com outros projetos =]




Log do projeto

25/02/2015 - Desmontagem e limpeza do gabinete do switch; adaptações na dissipação do processador e chipset da placa mãe para reduzir dimensões
06/03/2015 - Aquisição (valeu, Jair!) de fonte 12V x 5A chaveada de um antigo notebook
09/03/2015 - Marcação e produção de pinos com rosca para fixação da placa mãe ao gabinete
10/03/2015 - Definições finais de posicionamento da fonte e HD; estudo sobre ventilação e dissipação do gabinete
11/03/2015 - Posicionamento da fonte e placa mãe definidos; gabinete com pinagem pronta e medida para a placa mãe
14/03/2015 - Instalação de SO e testes com software para Media Center concluídos com sucesso; furação e acondicionamento do HD;
15/03/2015 - Acondicionamento da fonte, HD e placa mãe no gabinete em teste conclusivo obteve êxito; um novo cabo de dados foi construído para aprimorar a transferência entre o HD e a controladora
16/03/2-15 - Estudo para ventilação interna com o mínimo de ruído e consumo; início da preparação do painel frontal com indicadores, portas e controles e finalização do interior com acondicionamento e fixação de componentes
20/03/2015 - Painel frontal definido e em montagem; testes conclusivos quanto ao Sistema Operacional e ao Kodi para Windows
21/02/2015 - Versão do Linux incompatível para o hardware disponível; testes mostraram extremo uso de CPU e baixo desempenho de vídeo, condições nada favoráveis ao uso do Media Center para processamento de vídeos por longos períodos de tempo devido ao aquecimento excessivo; como o Kodi necessita de processamento de vídeo mais específico, não é possível utilizar distros mais simples; voltamos ao Windows
22/03/2015 - Finalização das instalações de Sistema Operacional e Kodi para Windows com sucesso; drivers atualizados, plugins instalados e hardware funcional com total desempenho e otimização de consumo de energia para menor aquecimento possível; furação do gabinete para fixação dos coolers e passagem de ar; definição de cores e funções indicados por LEDS no painel frontal; cabo de vídeo e áudio saem por trás do gabinete, áudio via RCA e vídeo via VGA por cabo montado e pronto
24/03/2015 - Painel montado com dois LEDS indicadores de 'ligado' e 'rede' e botão de pressão NA para ligar e desligar a placa; cooler afixado na tampa furada previamente para resfriar o chipset e o processador e outro cooler afixado na lateral para retirar o calor interno;
28/03/2015 - Gabinete fechado para testes finais de desempenho e verificação de aquecimento; testes preliminares indicam sucesso na orientação dos coolers e da otimização do espaço disponível no gabinete
07 e 08/04/2015 - Testes com distros Linux específicas para Media Center para tentar livrar o projeto do Windows em progresso
09/04/2015 - Placa gráfica SIS 672 (pavor) acabou com os planos de utilizar Linux - seria o GeexBox, que é ótimo - no REN, o que nos leva de volta ao Windows em definitivo na versão Home Basic x86; toda a parte técnica está pronta, todos os drivers e softwares instalados e o desempenho está muito satisfatório; REN será finalizado com acabamento em seu gabinete para utilização e publicação no blog

12/04/2015 - Alteração de última hora para cobertura fina no gabinete para melhor acabamento e instalação de filtro de ar para impedir que partículas de pó e outros agentes penetrem no gabinete por meio do cooler principal

14/04/2015 - Quebrei acidentalmente uma das pás do cooler principal e estou procurando um substituto para finalizar o projeto...

16/04/2015 - Consegui adaptar um cooler de placa de vídeo (12V) para ser controlado pela placa mãe do media center no mesmo conector do cooler original (5V) apenas usando um driver (transistor) e pelos testes que estão sendo executados desde a manhã de hoje, parece definitivo e funcional; até pensei em manter o cooler girando em 5V para reduzir o ruído ao máximo, mas aquece demais e não quero manter o aparelho trabalhando nessas condições

17/04/2015 - REN Media Center concluído e funcional

** 07/05/2016

Pois é. O projeto foi descontinuado e só agora conseguir parar e editar o vídeo com a demonstração dos LEDs do painel frontal. Antes tarde do que nunca.



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